Riscos e Conflitos Territoriais.
Das catástrofes naturais às tensões geopolíticas.

23 a 26 de maio de 2023
Coimbra, Portugal

Um pouco por todo o mundo e num contexto quase diário, de uma forma mais frequente e intensa, somos confrontados com situações de conflitos e de catástrofes, sejam estas ambientais, confrontos bélicos, surtos epidémicos ou pandemias, contaminação ou escassez de recursos, que põem em causa a sobrevivência e o quotidiano de populações, destroem comunidades ou afetam as suas infraestruturas e causam graves traumas sociais e psicológicos.

O rápido crescimento económico, a sociedade globalizada, a urbanização de áreas cada vez mais extensas, agravadas pelas mudanças climáticas, colocam uma crescente pressão sobre os territórios, que juntamente com o aumento demográfico ou os fortes movimentos migratórios, “livres” em busca de melhores condições de vida ou “forçados” por catástrofes ambientais, promovem a depilação dos recursos naturais e a destruição de nichos ecológicos, responsáveis pelo equilíbrio Homem-Natureza, entre outos por filtrarem o ar e desta forma conterem possíveis vírus, e aumentam a exposição aos diferentes riscos e, consequentemente, a vulnerabilidade das populações.

Por um conjunto diversificado de fatores, que devem ser enquadrados no tempo e no espaço, os conflitos de interesses existem e são normais.

Por um lado, os recursos são finitos e, por outro, os sistemas de valores e as perceções da realidade por parte dos diferentes atores podem não coincidir.

Desta forma, é extensa a cartografia das disputas em torno do controlo de um lugar, de um caminho ou de uma posição geográfica relevante, ou de patrimónios estratégicos como a água, os solos, as florestas, os minérios ou diversas fontes energéticas.

Em múltiplos contextos e diferentes escalas geográficas, estes conflitos são atravessados por relações assimétricas de poder e por dinâmicas de despossessão e desreterritorialização, sobretudo por parte de populações mais vulneráveis.

Neste domínio interdisciplinar, cruzam-se campos como a ecologia política, a geopolítica local, a cartografia crítica e social e a justiça territorial.

Deste modo, entre a competição e a necessária cooperação entre os atores, é importante problematizar a origem e antecipar estas situações de conflito, assim como discutir e analisar a gestão das crises que daqui possam resultar.